Setembro Roxo alerta para a fibrose cística: diagnóstico precoce é fundamental
Setembro Roxo reforça a importância da conscientização sobre a doença genética rara, que não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento multiprofissional

A fibrose cística, também conhecida como mucoviscidose, é uma doença genética rara que afeta mais de 100 mil pessoas no mundo e aproximadamente 1 a cada 10 mil nascidos vivos no Brasil. Ela é causada por uma mutação no gene CFTR, responsável por regular a passagem de sais e água pelas membranas celulares. Essa alteração deixa secreções como muco e suor mais espessas e difíceis de serem eliminadas, favorecendo obstruções e infecções, principalmente nos pulmões, pâncreas e trato digestivo.
Mês da conscientização
Para dar visibilidade ao tema, o 5 de setembro é o Dia Nacional de Conscientização e Divulgação da Fibrose Cística e o 8 de setembro marca o Dia Mundial da Fibrose Cística. Por isso, o mês ganha a cor roxa, simbolizando a luta por informação, acesso a tratamentos e combate ao preconceito.
“O Setembro Roxo é um período voltado para conscientizar a população e os profissionais de saúde, divulgar sinais de alerta, lutar pelo acesso a medicamentos inovadores e reduzir estigmas. Muitos pacientes sofrem bullying na escola por tossirem constantemente ou produzirem muita secreção”, explica a pneumopediatra Patrícia Zapata, que atende no Centro Clínico do Órion Complex, em Goiânia.
Diagnóstico precoce faz diferença
O diagnóstico pode ser iniciado já no teste do pezinho, que detecta alterações sugestivas da doença. Quando há suspeita, o teste do suor — considerado padrão-ouro é realizado para confirmar o quadro, podendo ser complementado por testes genéticos.
“O diagnóstico precoce impacta diretamente na qualidade de vida. Quanto antes a intervenção é iniciada, maiores são as chances de sobrevida. Mas também é possível diagnosticar a doença em adolescentes ou até em adultos”, destaca a médica.
Sintomas principais
Por ser uma doença multissistêmica, a fibrose cística pode afetar diferentes órgãos:
Respiratório: tosse crônica, secreção espessa, pneumonias e sinusites de repetição;
Digestivo: diarreia crônica, déficit nutricional, dificuldade de ganho de peso e estatura;
Endócrino: alguns pacientes podem desenvolver diabetes;
Reprodutivo: pode causar infertilidade.
Tratamento e avanços científicos
Embora não tenha cura, a fibrose cística pode ser controlada com um tratamento multiprofissional, que envolve pneumologista, fisioterapeuta, nutricionista, gastroenterologista, psicólogo e assistente social. Os cuidados incluem:
uso diário de medicações inalatórias e antibióticos;
suplementação enzimática;
acompanhamento nutricional;
sessões de fisioterapia respiratória;
em alguns casos, internações hospitalares.
Nos últimos anos, avanços científicos têm ampliado a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes, especialmente com os moduladores de CFTR como o elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor (Trikafta®). Esses medicamentos melhoram significativamente a função pulmonar, o estado nutricional e a sobrevida.
“Hoje, vemos ganhos importantes em qualidade de vida quando há adesão ao tratamento e acompanhamento especializado. O diagnóstico precoce continua sendo a chave para um prognóstico melhor”, ressalta Patrícia Zapata.
Para quem deseja compreender melhor a vivência dos pacientes, a médica indica o filme “A Cinco Passos de Você”, que retrata os desafios e a rotina de quem convive com a fibrose cística.
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