Aumento do uso de cigarros eletrônicos preocupa especialistas
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, dados alarmantes mostram que 4 milhões de brasileiros usam vapes. Uma pneumologista alerta para os riscos à saúde, especialmente entre jovens, e desmente a ideia de que o produto é menos nocivo.

Aumento do uso de cigarros eletrônicos preocupa especialistas
GOIÂNIA - No Brasil, o uso de cigarros eletrônicos (e-cigs) atingiu seu maior índice em 2024, com 2,6% da população adulta, o que representa cerca de 4 milhões de pessoas. Os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram um aumento de 24% em apenas um ano, acendendo um alerta no Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto.
Para especialistas, o crescimento do uso de vapes é uma nova preocupação, principalmente entre os jovens. A pneumologista Daniela Campos, do Orion Complex em Goiânia, explica que a atração por esses dispositivos se deve à sua "nova roupagem". "O cigarro eletrônico, o famoso vape ou pod, atrai muitos jovens pela nova roupagem, alguns são até customizados. Além disso, não tem cheiro ruim e tem sabores, não tem aquele gosto ruim do alcatrão igual ao cigarro convencional", afirma.
Riscos à saúde e "mentira de mercado"
Apesar da aparência inofensiva, os vapes estão longe de serem seguros. A Dra. Daniela Campos destaca os graves riscos à saúde, como a EVALI (uma doença pulmonar grave) e o "pulmão de pipoca" (bronquiolite obliterante). "A EVALI é um dano alveolar difuso que causa uma insuficiência respiratória aguda grave por um tapetamento, como se fosse um cimento que gruda no pulmão", alerta. A especialista ainda reforça que mesmo sem nicotina, os dispositivos contêm amônia, propilenoglicol, chumbo e outros produtos tóxicos, cancerígenos e que podem causar enfisema e asma em fumantes passivos.
A médica também contesta o argumento de que os e-cigs ajudam a parar de fumar. Segundo ela, a indústria espalhou a ideia de que a quantidade de nicotina poderia ser controlada, o que nunca foi cientificamente comprovado. "A maioria desses cigarros eletrônicos já vinham com THC, que é um derivado da maconha", revela.
Médicos são contra a regulamentação
Apesar dos projetos de lei em andamento para regulamentação dos vapes no Brasil, as sociedades médicas são contra a legalização. A Dra. Daniela Campos cita países como Inglaterra e Reino Unido, que liberaram o uso e hoje enfrentam um aumento de internações e doenças respiratórias, principalmente entre jovens. "Nenhuma das sociedades médicas sérias apoiam a legalização do cigarro eletrônico, já que a gente viu que países que liberaram estão penando hoje com internações", conclui.
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