Caiado Critica Inércia do Governo Federal Frente ao Tarifaço dos EUA e Antecipa Medidas em Goiás
Enquanto União não apresenta soluções concretas, governo goiano anuncia apoio financeiro ao setor produtivo para mitigar impactos da nova tarifa norte-americana

Caiado Critica Inércia do Governo Federal Frente ao Tarifaço dos EUA e Antecipa Medidas em Goiás
Enquanto União não apresenta soluções concretas, governo goiano anuncia apoio financeiro ao setor produtivo para mitigar impactos da nova tarifa norte-americana
Pela primeira vez desde o anúncio da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, cobrou publicamente uma postura mais firme do governo federal. Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (24/7), Caiado criticou a demora da União em adotar medidas práticas e diplomáticas para conter os prejuízos da medida, que entrará em vigor no dia 1º de agosto.
"O presidente Lula precisa entender a liturgia do cargo e sentar com o presidente Donald Trump para negociar. O que se espera de um chefe de Estado é a defesa dos interesses do país", afirmou o governador.
Negociações ignoradas
Caiado destacou que países como Japão, Indonésia e o bloco da União Europeia já conseguiram renegociar os termos com os norte-americanos, evitando a penalização de seus mercados. O Brasil, segundo ele, permanece inerte, faltando menos de dez dias para que as novas taxas entrem em vigor.
A gravidade do cenário levou o governador a interromper uma missão oficial no Japão e retornar ao Brasil. Desde quarta-feira (23/7), o Governo de Goiás tem articulado uma série de reuniões com representantes do setor produtivo para levantar demandas e oferecer apoio emergencial.
Goiás sai na frente com pacote de apoio
Goiás foi o primeiro estado brasileiro a anunciar medidas concretas para minimizar os impactos econômicos da crise. Entre elas:
Fundo de Equalização do Empreendedor (Fundeq): subsidiará encargos de operações de crédito.
Fundo Creditório: nova linha de crédito baseada em créditos de ICMS, com expectativa de liberação de até R$ 628 milhões.
Além disso, Caiado solicitou ao presidente do Fórum Nacional de Governadores, Ibaneis Rocha (DF), uma reunião urgente do colegiado para discutir ações conjuntas diante da crise comercial.
Riscos e prejuízos diretos
Caiado alertou que uma retaliação do Brasil, como tem sido cogitada por membros do governo federal, pode aprofundar ainda mais a crise.
“Se aplicarmos reciprocidade, vamos piorar ainda mais a vida dos brasileiros. O presidente está blefando”, criticou, pedindo a exclusão do setor de saúde das possíveis sanções, por razões humanitárias.
Os principais setores goianos afetados pela nova tarifa incluem a cadeia de carnes, couro, minérios, citricultura, açúcar orgânico e piscicultura. A arroba do boi, por exemplo, já caiu de R$ 320 para R$ 270, impactando toda a cadeia produtiva. Caiado estima que mais de US$ 380 milhões da economia goiana estão ameaçados.
Setor produtivo também se manifesta
Durante reunião com a cadeia sucroenergética, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, lembrou que o estado lidera a produção de açúcar orgânico no Brasil. A tarifa de 50%, somada ao atual tributo de US$ 357 por tonelada, elevará o custo de exportação do produto para os EUA para quase 98% — contra 58% ou menos pagos por concorrentes como a Colômbia.
“Devemos perder cerca de 40% da nossa demanda anual para os Estados Unidos”, alertou Henrique Pena, empresário da Jales Machado, uma das principais exportadoras goianas.
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