Goiás pode realizar 1ª cirurgia para TOC em paciente que não responde mais a tratamentos
Hospital Unique aguarda liberação do Cremego para executar o procedimento pioneiro em neurocirurgia funcional no estado

Goiás pode realizar 1ª cirurgia para TOC em paciente que não responde mais a tratamentos
Hospital Unique aguarda liberação do Cremego para executar o procedimento pioneiro em neurocirurgia funcional no estado
A neurocirurgia pode ser a nova esperança para pacientes que convivem com formas graves de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e não respondem mais a medicamentos ou terapias convencionais. Em Goiânia, o primeiro procedimento cirúrgico para tratamento do TOC já está prestes a ser realizado no Hospital Unique — o caso aguarda apenas a aprovação do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
O responsável pela operação é o neurocirurgião Dr. Ledismar José da Silva, que explica:
“A cirurgia só é indicada após cinco anos de tratamento clínico sem resultados e mediante avaliação conjunta de um psiquiatra e outro neurocirurgião. É a última alternativa para casos extremos, mas com alto potencial de melhora”.
O que é o TOC?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é uma condição psiquiátrica que provoca pensamentos obsessivos intrusivos e comportamentos compulsivos repetitivos, que podem comprometer seriamente a qualidade de vida. Longe de ser uma “mania”, o TOC grave pode causar sofrimento extremo, isolamento social, crises de ansiedade e depressão.
Quando a cirurgia se torna uma opção?
A cirurgia é considerada apenas em casos classificados como refratários, ou seja, pacientes que não respondem mais a nenhuma forma de tratamento clínico — nem medicamentos nem psicoterapia.
Segundo o Dr. Ledismar, há dois tipos de cirurgia funcional para o TOC:
Estimulação cerebral profunda (DBS): exige implante de eletrodos no cérebro, que modulam áreas disfuncionais envolvidas nos sintomas do transtorno.
Cirurgias ablativas: mais acessíveis e eficazes, atuam diretamente nos circuitos neurais responsáveis pelos sintomas do TOC, com custo reduzido e alta precisão.
“A cirurgia dura cerca de quatro horas, tem internação de apenas um dia e o risco de complicações é inferior a 1%. O índice de sucesso em casos bem indicados é bastante animador”, destaca o neurocirurgião.
Estigma e escassez de profissionais ainda são barreiras
Apesar da eficácia, o procedimento ainda enfrenta preconceito social por envolver intervenção no cérebro. Além disso, há poucos profissionais habilitados no Brasil para realizar a cirurgia funcional voltada à saúde mental.
“Muitos pacientes poderiam se beneficiar, mas ainda enfrentam a resistência cultural que existe contra cirurgias psiquiátricas”, afirma Ledismar.
Cirurgia também é opção para casos de agressividade grave
Além do TOC, o procedimento também pode ser indicado em casos extremos de agressividade auto ou heterodirigida. São pacientes que, mesmo sob medicação, continuam apresentando surtos violentos, colocando a si mesmos e seus familiares em risco.
“São situações-limite. Famílias reclusas, que adaptam a casa com grades para proteger o paciente e os outros membros. Já vi casos de internações forçadas e até algemamento”, revela o médico.
Um avanço silencioso, mas promissor
Goiás se prepara para ser referência nacional nesse tipo de tratamento. Com a possível liberação da primeira cirurgia, o estado poderá abrir caminho para mais pacientes com TOC grave, oferecendo uma alternativa real de alívio e qualidade de vida.
“Nosso objetivo é oferecer esperança a quem já tentou de tudo. Esse é um tratamento seguro, moderno e baseado em evidências científicas”, finaliza Dr. Ledismar Silva.
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